quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Eu sou Nordestina!

Orgulho de Ser Nordestino
Flávio José

Além da seca ferrenha
Do chão batido e da brenha
O meu nordeste tem brio
Quer conhecer então venha
Que eu vou te mostrar a senha
Do coração do brasil
São nove estados na raiva
Todos com banho de praia
Num céu de anil e calor
São nove estados unidos
Crescentes fortalecidos
Onde o brasil começou
E hoje no calcanhar da ciência
Formam uma grande potência
Irrigando o chão que secou
É verdade que a seca inda deixa sequela
Mas foi aprendendo com ela
Que o nosso nordeste ganhou
Deixou de viver de uma vez de esmola
E foi descobrindo na escola
A grandeza do nosso valor

Eu quero é cantar o nordeste
Que é grande e que cresce
E você não conhece doutor
De um povo guerreiro, festivo e ordeiro.
De um povo tão trabalhador
Por isso não pise, viaje e pesquise.
Conheça de perto esse chão
Só pra ver que o nordeste
Agora é quem veste
É quem veste de orgulho a nação.
Fotografia: Cânions do Rio São Francisco (www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=495464)

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

O Sertão de Triunfo

E aí pessoas, bom tempo sem escrever, né? Faltou tempo e inspiração rs

Hoje queria falar um tanto de Triunfo, cidade localizada em um brejo de altitude do Sertão Pernambucano.

A cerca de 450 km do Recife, Triunfo se destaca como uma bela cidade turística, com casarios bem conservados, construções como o Cine Theatro Guarany, o Convento de São Boaventura, o Museu do Cangaço e o Açude Público que marcam a paisagem da cidade.

Não poderia deixar de citar a Casa Grande das Almas. Nesta casa, Lampião contava com um aliado e se protegia contra a polícia. O detalhe interessante é que a Casa fica justo na divisa entre os estados da Paraíba e Pernambuco e como não poderia deixar de ser, várias estórias e histórias cercam a localidade. Uma delas diz que Lampião se escondia lá porque se tivesse do lado de Pernambuco, a polícia da Paraíba não o poderia pegar e o mesmo com o contrário.

Os Caretas de Triunfo se destacam como das principais manifestações culturais da cidade e de Pernambuco. Trata-se de uma figura marcante do carnaval da cidade e também eram chamados de "Correios". Os “Correios” formavam grupos de até 30 indivíduos com o objetivo de obrigar o adversário, através do manuseio do relho (chicote), a retirar a máscara, ato que simbolizava perda para os que deixavam cair a citada máscara na “batalha”.
Além desses, Triunfo conta com um rico patrimônio natural, como as cachoeiras do Pinga e do Canaã, o Escorredor do Brocotó, a Furna dos Holandeses, a Panela e o Pico do Papagaio (ponto mais alto de Pernambuco, com 1.260m).

Triunfo é desses lugares que você vai e não tem mais vontade de sair de lá, principalmente no inverno, com aquele friozinho gostoso e as festas do Circuito do Inverno de Pernambuco.

terça-feira, 16 de setembro de 2008

O Sertão por Márcio, o Boas

O sertão é uma região interior
lá aonde o sol nem nasce
nem se põe.

aquele cenário severo
e grave...

...magro.

ao mesmo tempo
com uma tristeza suave
como a ternura.

No reino resplandecente
Está um astro luminoso,
Amarelo que dialoga o tempo todo
Com a terra.

Mas a terra se excita mesmo
É com água;

Então ela diz: “vem, apaga meu fogo”.
Texto: Márcio Boas
Fotografia: Josângela Jesus

terça-feira, 9 de setembro de 2008

Isso é cagado e cuspido "Paisagem do Interior"



Matuto no meio da pista
menino chorando nu
rolo de fumo e beiju
colchão de palha listrado
um par de bêbo agarrado
preto véo rezador
jumento, jipe e trator
lençol voando estendido
isso é cagado e cuspido
paisagem de interior

Três moleque fedorento
morcegando um caminhão
chapéu de couro, gibão
bodega com sortimento
poeira no pé do vento
tabuleiro de cocada
banguela dando risada
das prosa dum cantador
buchuda sentindo dor
com o filho quase parido
isso é cagado e cuspido
paisagem de interior

Bêbo lascano a canela
escorregando na fruta
num batente, uma matuta
areando uma panela
cachorro numa cadela
se livrando das pedrada
ciscador, corda e enxada
na mão do agricultor
no jardim, um beija-flor
num pé de planta florido
isso é cagado e cuspido
paisagem de interior

Mastruz e erva cidreira
debaixo de jatobá
menino quereno olhar
as calça da lavadeira
um chiado de porteira
um fole de oito baixo
pitomba boa no cacho
um canário cantador
caminhão de eleitor
com os voto tudo vendido
isso é cagado e cuspido
paisagem de interior

Um motorista cangueiro
e um jipe chêi de batata
um balai de alpercata
porca gorda no chiqueiro
um camelô trambiqueiro
aveloz, lagartixa
bode véio de barbicha
bisaco de caçador
um vaqueiro aboiador
um bodegueiro adormecido
isso é cagado e cuspido
paisagem de interior

Meninas na cirandinha
um pula corda e um toca
varredeira na fofoca
uma saca de farinha
cacarejo da galinha
novena no mês de maio
vira-lata e papagaio
carroça de amolador
fachada de toda cor
um bruguelim desnutrido
isso é cagado e cuspido
paisagem de interior

Uma jumenta viçando
jumento correndo atrás
um candeeiro de gás
véi na cadeira bufando
rádio de pilha tocando
um choriço, um manguzá
um galho de trapiá
carregado de fulô
fogareiro, abanador
um matador destemido
isso é cagado e cuspido
paisagem de interior

Um soldador de panela
debaixo da gameleira
sovaqueira, balinheira
uma maleta amarela
rapariga na janela
casa de taipa e latada
nuvilha dando mijada
na calçada do doutor
toalha no aquarador
um terreiro bem varrido
isso é cagado e cuspido
paisagem de interior

Um forró pé de serra
fogueira, milho e balão
um tum-tum-tum de pilão
um cabritinho que berra
uma manteiga da terra
zoada no mei da feira
facada na gafieira
matuto respeitador
padre prefeito e doutor
os home mais entendido
isso é cagado e cuspido
paisagem de interior.




Autor: Jessier Quirino
Fotografias: Josângela Jesus

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Pelo Brasil


"Mandei fazer um balão,
Pra no espaço viajar
Meu balão de tão maneiro
Não conseguiu mais parar

Meu balão é de ouro
Meu balão assubiu
Ele é verde e amarelo
Meu balão é da cor do meu Brasil"

Só pra lembrar Serra Talhada (PE) e a amiga Márcia Senna.
Fotografia: www.flickr.com

sábado, 30 de agosto de 2008

Patativa de Assaré


A patativa é uma ave cinzenta de canto harmonioso do sertão nordestino.

Comparando a poesia de Antônio Gonçalves da Silva com o canto do pássaro, o escritor cearense José Carvalho de Brito lhe deu apelido de Patativa de Assaré, e desde então ficou assim conhecido.

Nascido no dia 05 de março de 1909, na cidade de Assaré, Ceará, ele cantou com suas poesias e encantou o sertão nordestino e todo o Brasil.

Ainda criança ficou cego de um olho devido a uma doença. A morte de seu pai, quando ainda tinha 8 anos de idade, o levou ao trabalho na agricultura ainda cedo e apenas aos 12 anos freqüentou a escola por alguns meses, quando foi alfabetizado. Entretanto, antes disso, ele já compunha seus versos e decorava-os. Então, aos 16 anos ganhou sua primeira viola e passou a fazer repentes e se apresentar.

Sua obra foi voltada para o povo marginalizado e oprimido do sertão nordestino, mostrando sua revolta contra as injustiças contra esse povo.

Livros:
- Inspiração Nordestina - 1956; Inspiração Nordestina: Cantos do Patativa -1967; Cante Lá que Eu Canto Cá - 1978; Ispinho e Fulô - 1988; Balceiro. Patativa e Outros Poetas de Assaré - 1991; Cordéis - 1993; Aqui Tem Coisa - 1994; Biblioteca de Cordel: Patativa do Assaré - 2000; Balceiro 2. Patativa e Outros Poetas de Assaré - 2001; Ao pé da mesa – 2001.

Poemas mais conhecidos:
A Triste Partida; Cante Lá que eu Canto Cá; Coisas do Rio de Janeiro; Meu Protesto; Mote/Glosas; Peixe; O Poeta da Roça; Apelo dum Agricultor; Se Existe Inferno; Vaca estrela e Boi Fubá; Você e Lembra?; Vou Vorá.

A Triste Partida foi cantada pelo consagrado Luiz Gonzaga. Além deste, Patativa serviu de inspiração para grupos atuais como O Cordel do Fogo Encantado.

E Patativa escreveu:

ABC DO NORDESTE FLAGELADO
A — Ai, como é duro viver
nos Estados do Nordeste
quando o nosso Pai Celeste
não manda a nuvem chover.
É bem triste a gente ver
findar o mês de janeiro
depois findar fevereiro
e março também passar,
sem o inverno começar
no Nordeste brasileiro.
B — Berra o gado impaciente
reclamando o verde pasto,
desfigurado e arrasto,
com o olhar de penitente;
o fazendeiro, descrente,
um jeito não pode dar,
o sol ardente a queimar
e o vento forte soprando,
a gente fica pensando
que o mundo vai se acabar.
C — Caminhando pelo espaço,
como os trapos de um lençol,
pras bandas do pôr do sol,
as nuvens vão em fracasso:
aqui e ali um pedaço
vagando... sempre vagando,
quem estiver reparando
faz logo a comparação
de umas pastas de algodão
que o vento vai carregando.
D — De manhã, bem de manhã,
vem da montanha um agouro
de gargalhada e de choro
da feia e triste cauã:
um bando de ribançã
pelo espaço a se perder,
pra de fome não morrer,
vai atrás de outro lugar,
e ali só há de voltar,
um dia, quando chover.
E — Em tudo se vê mudança
quem repara vê até
que o camaleão que é
verde da cor da esperança,
com o flagelo que avança,
muda logo de feição.
O verde camaleão
perde a sua cor bonita
fica de forma esquisita
que causa admiração.
F — Foge o prazer da floresta
o bonito sabiá,
quando flagelo não há
cantando se manifesta.
Durante o inverno faz festa
gorjeando por esporte,
mas não chovendo é sem sorte,
fica sem graça e calado
o cantor mais afamado
dos passarinhos do norte.
G — Geme de dor, se aquebranta
e dali desaparece,
o sabiá só parece
que com a seca se encanta.
Se outro pássaro canta,
o coitado não responde;
ele vai não sei pra onde,
pois quando o inverno não vem
com o desgosto que tem
o pobrezinho se esconde.
H — Horroroso, feio e mau
de lá de dentro das grotas,
manda suas feias notas
o tristonho bacurau.
Canta o João corta-pau
o seu poema funério,
é muito triste o mistério
de uma seca no sertão;
a gente tem impressão
que o mundo é um cemitério.
I — Ilusão, prazer, amor,
a gente sente fugir,
tudo parece carpir
tristeza, saudade e dor.
Nas horas de mais calor,
se escuta pra todo lado
o toque desafinado
da gaita da seriema
acompanhando o cinema
no Nordeste flagelado.
J — Já falei sobre a desgraça
dos animais do Nordeste;
com a seca vem a peste
e a vida fica sem graça.
Quanto mais dia se passa
mais a dor se multiplica;
a mata que já foi rica,
de tristeza geme e chora.
Preciso dizer agora
o povo como é que fica.
L — Lamento desconsolado
o coitado camponês
porque tanto esforço fez,
mas não lucrou seu roçado.
Num banco velho, sentado,
olhando o filho inocente
e a mulher bem paciente,
cozinha lá no fogão
o derradeiro feijão
que ele guardou pra semente.
M — Minha boa companheira,
diz ele, vamos embora,
e depressa, sem demora
vende a sua cartucheira.
Vende a faca, a roçadeira,
machado, foice e facão;
vende a pobre habitação,
galinha, cabra e suíno
e viajam sem destino
em cima de um caminhão.
N — Naquele duro transporte
sai aquela pobre gente,
agüentando paciente
o rigor da triste sorte.
Levando a saudade forte
de seu povo e seu lugar,
sem um nem outro falar,
vão pensando em sua vida,
deixando a terra querida,
para nunca mais voltar.
O — Outro tem opinião
de deixar mãe, deixar pai,
porém para o Sul não vai,
procura outra direção.
Vai bater no Maranhão
onde nunca falta inverno;
outro com grande consterno
deixa o casebre e a mobília
e leva a sua família
pra construção do governo.
P - Porém lá na construção,
o seu viver é grosseiro
trabalhando o dia inteiro
de picareta na mão.
Pra sua manutenção
chegando dia marcado
em vez do seu ordenado
dentro da repartição,
recebe triste ração,
farinha e feijão furado.
Q — Quem quer ver o sofrimento,
quando há seca no sertão,
procura uma construção
e entra no fornecimento.
Pois, dentro dele o alimento
que o pobre tem a comer,
a barriga pode encher,
porém falta a substância,
e com esta circunstância,
começa o povo a morrer.
R — Raquítica, pálida e doente
fica a pobre criatura
e a boca da sepultura
vai engolindo o inocente.
Meu Jesus! Meu Pai Clemente,
que da humanidade é dono,
desça de seu alto trono
,da sua corte celeste
e venha ver seu Nordeste
como ele está no abandono.
S — Sofre o casado e o solteiro
sofre o velho, sofre o moço,
não tem janta, nem almoço,
não tem roupa nem dinheiro.
Também sofre o fazendeiro
que de rico perde o nome,
o desgosto lhe consome,
vendo o urubu esfomeado,
puxando a pele do gado
que morreu de sede e fome.
T — Tudo sofre e não resiste
este fardo tão pesado,
no Nordeste flagelado
em tudo a tristeza existe.
Mas a tristeza mais triste
que faz tudo entristecer,
é a mãe chorosa, a gemer,
lágrimas dos olhos correndo,
vendo seu filho dizendo:
mamãe, eu quero morrer!
U — Um é ver, outro é contar
quem for reparar de perto
aquele mundo deserto,
dá vontade de chorar.
Ali só fica a teimar
o juazeiro copado,
o resto é tudo pelado
da chapada ao tabuleiro
onde o famoso vaqueiro
cantava tangendo o gado.
V — Vivendo em grande maltrato,
a abelha zumbindo voa,
sem direção, sempre à toa,
por causa do desacato.
À procura de um regato,
de um jardim ou de um pomar
sem um momento parar,
vagando constantemente,
sem encontrar, a inocente,
uma flor para pousar.
X — Xexéu, pássaro que mora
na grande árvore copada,
vendo a floresta arrasada,
bate as asas, vai embora.
Somente o saguim demora,
pulando a fazer careta;
na mata tingida e preta,
tudo é aflição e pranto;
só por milagre de um santo,
se encontra uma borboleta.
Z — Zangado contra o sertão
dardeja o sol inclemente,
cada dia mais ardente
tostando a face do chão.
E, mostrando compaixão
lá do infinito estrelado,
pura, limpa, sem pecado
de noite a lua derrama
um banho de luz no drama
do Nordeste flagelado.
Posso dizer que cantei
aquilo que observei;
tenho certeza que dei
a prova da relação.
Tudo é tristeza e amargura,
indigência e desventura.
- Veja, leitor, quanto é dura
a seca no meu sertão.

Fontes:

http://recantodasletras.uol.com.br

pt.wikipedia.org/wiki/Patativa_do_Assaré

Fotografias: pratododiapoesia.blogspot.com e www.enciclopedianordeste.com.br, respectivamente.

quinta-feira, 28 de agosto de 2008

Ser...tão Brasileiro

O Sertão Brasileiro abrange parte de todos os estados do Nordeste e ainda de Minas Gerais.

A região se caracteriza pelo predomínio do clima semi-árido e do bioma da Caatinga.

Segundo o Wikipédia, a palavra Sertão tem origem durante a colonização do Brasil pelos portugueses. Ao saírem do litoral brasileiro e se interiorizarem, perceberam uma grande diferença climática nessa região semi-árida. Por isso a chamavam de "desertão", ocasionado pelo clima quente e seco. Logo, essa denominação foi sendo entendida como "de sertão", ficando apenas a palavra Sertão.

A região sempre foi vista como uma área pobre e desvalorizada pela sociedade brasileira. Entretanto, sabemos que existe sim muita pobreza na região, mas também existem muitas riquezas, riquezas essas que estão no cotidiano das pessoas, que vivem o lugar e sabem o seu valor.

Essa cultura que conta a história de um povo lutador e que merece respeito e valorização de todo o povo brasileiro.

Nos próximos posts estarei trazendo um pouco do que esse povo sertanejo tem a nos mostrar.

sábado, 16 de agosto de 2008

Monumento Natural Cânion do São Francisco

Aos poucos vem sendo reconhecida a importância de conservação da nossa Caatinga. Isso é comprovado pela criação de novas unidades de conservação pelos órgãos ambientais do país.

O Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade - ICMBIO está trabalhando para que seja criado o Monumento Natural Cânion do São Francisco até o final do ano.

A categoria de Unidades de Conservação "Monumento Natural" está enquadrada no grupo de "Unidades de Proteção Integral" e tem por objetivo básico preservar sítios naturais raros, singulares ou de grande beleza cênica.

Aqueles que conhecem o Cânion do Rio São Francisco, localizados nos lagos de Xingó, podem confirmar que os cânions são verdadeiras obras de artes esculpidas pela natureza.

A área proposta para a UC é de 30,5 mil hectares, localizados entre os estados da Bahia, Alagoas e Sergipe, onde domina a vegetação da Caatinga. Além da formação dos cânions de até 100 metros de altura, a UC protegerá a região do lago da Usina Hidrelétrica de Xingó e todos os recursos naturais neles existentes.

E por falar em criação de unidades de conservação, ainda estamos esperando a criação do Parque Nacional da Serra Vermelha.